terça-feira, 18 de março de 2014

Arquitetura da Felicidade (Resenha 3)

“A Morada de Hoje” é o primeiro episódio do documentário “Arquitetura da Felicidade” produzido e apresentado pelo escritor e filósofo Allain de Botton no ano de 2006. Neste primeiro episódio, o foco principal do autor é nos levar a pensar em como nossas casas devem refletir a época em que vivemos. Nossos projetos de casa não devem ficar presos no século passado, seja por questões de gosto ou nostalgia, o ideal é se adaptar ao mundo atual.

Um dos pontos levantados por de Botton é a questão da cópia, o adequado seria um artista se inspirar no outro e não copiá-lo. Isso é algo recorrente em cidades como Londres, criando o efeito “pastiche” que quer dizer copiar estilos do passado. Então, quando andamos pelas ruas temos a sensação de estar no século XX, mas, se pararmos para pensar, as pessoas não abrem mão do carro ou do celular de última geração, mas quando se fala em arquitetura moderna, há ainda muitos conservadores, o que é contraditório.

Hoje, o ideal de casa para muitos é o estilo rústico, o mais simples possível. Isso se dá pelo fato de levarmos uma vida apressada, cheia de afazeres, repleta de modernidade e tecnologia de alto nível, então ao projetar nossas casas nós as transformamos numa grande ilusão. De Botton faz uma relação entre os cidadãos da sociedade moderna com a rainha francesa Maria Antonieta, pelo fato da mesma ter escolhido um modelo irreal de casa camponesa para fugir da vida luxuosa e formal que levava. Fazemos o mesmo, projetamos em nossas casas aquilo que não somos de verdade para fugir do mundo exterior, tudo isso em busca de tranquilidade, um ato de covardia, pois nossas casas não deveriam ser “caixas” que foram feitas para nos desconectar da sociedade, mas sim exatamente o contrário.

É evidente que as construções públicas e comercias são adeptas da arquitetura moderna, como o edifício Gherkin no centro de Londres. Apesar de que em Berlim há muitas construções com esculturas de anjos, leões e soldados no topo, que tinham a função de passar mensagens às pessoas como sentimentos de força e coragem, Berlim tem também edifícios modernos que passam mensagens de democracia à Alemanha, hoje, unificada.

Ao nos levar a casa onde viveu até os 12 anos, de Botton dá sua opinião sobre o que é o ideal de casa moderna. Para ele um ambiente iluminado, arejado, que nos dê sensação de liberdade e que nos mantenha em contato com o que existe lá fora é o que devemos almejar.

Temos a obrigação de passar para as próximas gerações como é ou como foi viver no século XXI. Por isso devemos fugir dos clichês e optar pelo novo, deixar de lado o sentimentalismo e viver a época em que estamos. As casas modernas têm o poder de nos conectar com o mundo exterior, nos impossibilitando de viver uma ilusão, paredes, portas, janelas e até mesmo tetos de vidro nos dão a chance de manter ligados ao mundo lá fora, e ainda assim é possível desfrutar de uma casa tranquila e aconchegante.

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